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GRAMOFONE

às voltas com os discos às voltas.

GRAMOFONE

às voltas com os discos às voltas.

PRIMAVERA SOUND PORTO: dia 3

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Quando parecia que o Primavera Sound Porto tinha praticamente passado pelos pingos da chuva, tendo em conta o que tinha sido previsto para o dia anterior, a pluviosidade decidiu regressar precisamente à hora que deveria ter terminado, e justamente quando a dupla Best Youth irrompeu pelo Palco Porto.

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Podia parecer de antemão que o palco seria demasiado grande para duas pessoas, porém a disposição de sempre da banda, e a grande frontwoman que é Catarina Salinas, foram capazes de nos ir fazendo esquecendo da chuva, propulsionados pela toada das suas canções amorosas e/ou ritmadas.

Os presentes iam envergando as suas protecções impermeáveis enquanto o Expresso Transatlântico ia dando entrada no Palco Plenitude. Munidos de um dos discos mais refrescantes dos tempos mais recentes, a banda encabeçada pelos irmãos Varela entregou completamente o corpo ao manifesto, puxando incansavelmente por uma plateia cada vez mais encharcada. O retorno foi acontecendo por parte do público, obviamente nas composições mais dançáveis, numa performance que terminou com crowdsurfing por parte do mago da guitarra portuguesa Gaspar Varela.

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Quando nos acercámos do Palco Super Bock, pela primeira vez neste Sábado, Joanna Sternberg já se encontrava em palco com a sua viola. No seu jeito introvertido muito engraçado, em elevada cumplicidade com a massa humana presente, a estadunidense foi debitando os seus temas, que nos remeteram para uma galáxia entre Daniel Johnston e Moldy Peaches.

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Num universo radicalmente oposto, Mannequin Pussy ocuparam o Palco Porto com toda a sua pujança, bradando de forma brutal as suas convicções socio-políticas, incluindo o baixista Bear, que tomou conta do microfone em “OK? OK! OK? OK”. Com grande enfoque no quarto álbum, «I Got Heaven» recentemente lançado, não deixaram nada por dizer, nem a mínima dúvida quando à dedicação que colocam em cada actuação. Ficámos agradavelmente surpreendidos, tendo em conta as expectativas.

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No mesmo palco principal esteve mais tarde The Legendary Tigerman, que era suposto ter tocado na véspera, mas que teve de adiar dadas as dificuldades que interditaram o Palco Vodafone na sexta-feira. Ladeado por Sara Badalo e Mike Ghost, o projecto personalizado por Paulo Furtado debruçou-se sobre o trabalho «Zeitgeist», preparando-o muito bem para a dimensão do palco principal do Primavera Sound Porto. Foi “apenas” mais uma demonstração de todo o rock n’ roll que dá combustão às ideias de Tigerman, mesmo quando começa a utilizar electrónica nas suas criações. Porque é na atitude que reside o rock, e como está em todo o lado, não deixou de motivar os votantes para as eleições que decorreriam no Domingo seguinte, apelando ao amor e à compreensão.

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Como que recompensando pelo infortúnio da véspera, o Palco Vodafone angariou no Sábado à noite uma das plateias mais grandiosas desta edição do festival portuense, com magotes de melómanos a rumarem ao parâmetro mais lindo do recinto para a despedida de solteiro do líder dos Pulp. Jarvis Cocker anunciou novo matrimónio para breve, que se espera o derradeiro (como sempre), e não fez por menos: a banda de Sheffield entrou em modo best of, até porque não existia nenhuma produção recente para propagar, e deu azo a momentos corais constantes por entre a lata plateia, especialmente a meio grisalha. Arriscamos a afirmar que a lista de canções apresentada no Primavera Sound Porto foi irrepreensível, embora nunca nenhuma lista o seja. Foi uma verdadeira celebração, de tudo e mais alguma coisa.

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Mesmo ao lado, entrava em campo o Conjunto Corona, para mais uma viciante actuação que nos reteve na zona do Palco Super Bock até ao final de mesma, pese embora a tentação dos “The Nationals” (como diria David Bruno) no palco principal à mesma hora.

Ainda assim, fomos a tempo de acompanhar a recta final do concerto de Matt Berninger e seus pares. E, por essa amostra, deu para perceber uma banda num momento mais ávido do que em Paredes de Coura 2019, onde sentimos algum excesso de aparições dos The National no nosso país, não obstante a paixão bilateral. “England”, “Graceless”, “Fake Empire”, “Space Invader”, “Light Years”, “Mr. November” (com a habitual descida à terra por parte de Matt), “Terrible Love”, «About Today» reacenderam a fagulha entre ambas as partes, deixando-nos repletos de vontade de rever a banda num concerto inteiro, dada a intensidade deste parcial a que assistimos, ainda por cima com um som muito bem equalizado e pujante.

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